Uma dívida para pagar outra? Redução dos juros pode ser alternativa
Adernoaldo Alves de Souza, de 50 anos, tem 5 filhos com a esposa Sirlei Ferreira de Souza, de 43. Eles vivem no município de Santa Rita de Cássia, no sertão baiano, em um assentamento da reforma agrária. A família produz, com a terra, gado, milho e mandioca, o que gera cerca de R$300 mensais, fora os R$320 que ganham do Bolsa Família. As poucos recursos logo se transformam em dívidas no mercadinho da cidade. Sirley explica que compra só o básico mesmo.
Já o capital para compra do gado veio de um empréstimo de R$21 mil feito no banco, que é pago em dia. Mas o negócio não gerou um aumento da renda total da família. Além das dívidas que a família consegue administrar com dificuldade, uma outra saiu do controle. Para ajudar o filho, Sirley fez um cartão de crédito que hoje acumula mais de R$10 mil no cheque especial, com as taxas mais caras do mercado.
A situação dessa família é comum no Brasil. A professora de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lena Lavinas, pesquisa o endividamento das famílias brasileiras. Para ela, o problema não é individual, mas que mostra como as famílias recorrem ao crédito e entram em um ciclo de endividamento, difícil de ser sanado.
Em casos de dívidas com juros altos, como o da família de Sirlei, a solução pode ser contrair outra dívida. Isso mesmo, mas a nova teria juros menores, como recomenda a professora da Universidade de Brasília, especialista em finanças pessoais, Diana Lima.
Para melhorar de vida, Sirlei aposta no aumento da produção aliado ao pagamento das dívidas. Além de conseguir mais recursos para investir, os agricultores Sirlei e Adernoaldo esperam também continuar com saúde na esperança de viver a aposentadoria com tranquilidade.
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