MPF pede retirada de gado de não-indígenas da Ilha do Bananal
Todo gado de pessoas não-indígenas deve ser retirado da llha do Bananal, no Tocantins, até agosto do ano que vem. A recomendação foi feita pelo Ministério Público Federal no estado e comunicada às comunidades indígenas e aos parceiros na última semana.
A Ilha do Bananal faz parte da Terra indígena Parque do Araguaia, onde vivem os povos Javaé e Karajá. Lá, pecuaristas fazem contratos de arredamento de terras, ou aluguel, com os indígenas para criação de bois.
De acordo com o documento assinado pelo procurador Álvaro Manzano, esse tipo de atividade tem que garantir a posse direta e o usufruto exclusivo pelo grupo indígena, mas isso não vem acontecendo.
Em outubro, antes dessa decisão sair, uma criança Karajá foi queimada no braço com um ferro de marcar gado por um homem que trabalhava nas pastagens. Ele, inclusive, já deixou a Ilha do Bananal.
De acordo com um tio do menino, que falou com a reportagem por meio de mensagem de texto, após a agressão, o pai registrou um boletim de ocorrência e acionou a Funai e a Sesai, Secretaria de Saúde Indígena, que levaram a criança a um hospital. Agora, o menino está bem e de volta a aldeia. A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informou que a Delegacia da cidade de Pium investiga o caso, que está em fase de conclusão.
O Ibama informou que há cerca de 100 mil cabeças de gado registradas na ilha e que mantém diálogo com o Ministério Público para organizar a operação de retirada do gado de não-indígenas. O órgão diz que a medida é fundamental para devolver o controle da ilha às comunidades indígenas e preservar a biodiversidade.