OMS alerta para necessidade de reduzir mortes maternas e neonatais

No Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta segunda-feira (7), uma campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a necessidade da redução das mortes maternas e neonatais. A campanha Começos Saudáveis, Futuros Esperançosos busca reforçar a luta contra essas ocorrências em todo o mundo.
Segundo a OMS, 300 mil mulheres perdem a vida todos os anos devido à gravidez ou ao parto. Mais de 2 milhões de bebês morrem no primeiro mês de vida e cerca de outros 2 milhões nascem mortos.
As tendências apontam que quatro em cada cinco países estão longe de atingir as metas de melhoria da sobrevivência materna até 2030. Alé, disso, de acordo com a OMS, um em cada três não conseguirá atingir as metas de redução de mortes de recém-nascidos.
Essas metas fazem parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. O Brasil assumiu o compromisso de reduzir, até 2030, as mortes maternas para menos de 30 para cada 100 mil nascidos vivos e a mortalidade neonatal para, no máximo, 12 para cada mil nascidos vivos.
De acordo com Rossana Francisco, presidente da Comissão de Mortalidade Materna da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o país não avançou desde que o compromisso foi firmado em 2015.
A médica afirma que há esperança de avanços com a criação da Rede Alyne, lançada em setembro do ano passado pelo governo federal. A Rede Rede Alyne é uma reestruturação da Rede Cegonha, que visa reduzir a mortalidade materna em 25%.
"O Brasil conta com várias maternidades pequenas, muitas sem condição de realmente cuidar da das gestantes e dos seus recém-nascidos. Temos uma carência imensa da atenção à gestação de alto risco, ou seja, há necessidade de um envolvimento político, econômico e social imenso para conseguirmos avançar", afirma.
Para Lícia Moreira, presidente do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileiro de Pediatria, além de oferecer acesso fácil a serviços de qualidade para gestantes e bebês, é preciso também educar a população sobre a importância de buscar atendimento.
"Mesmo que tenhamos uma infraestrutura profissionais de saúde capacitados, se a população não tem a ideia, a informação de quão importante é cuidar da sua saúde, se apropriar da sua saúde, fica muito difícil, porque pode ter o acesso fácil ao serviço, mas não ir lá, não fazer as consultas adequadamente. A gente tem de convencer a população da importância."
Segundo a OMS, pelo menos 70% de todas as mortes maternas ocorrem pelas chamadas causas obstétricas diretas, como hemorragia e pré-eclâmpsia. A maioria acontece durante o trabalho de parto ou logo após. Mais de 40% dos casos de natimortos também são registrados nesses momentos.
Doenças infecciosas e condições de saúde pré-existentes, como anemias, HIV/AIDS, malária e diabetes, respondem por quase um quarto da mortalidade materna. Complicações relacionadas à prematuridade e ao baixo peso ao nascer são a principal causa de morte em recém-nascidos e crianças com menos de cinco anos.
Rossana Francisco lembra que muitas doenças que levam à morte materna ou do bebê podem ser descobertas ainda no início da gestação.
"É essencial que, assim que a mulher perceba um atraso, ela procure uma unidade básica de saúde para fazer o diagnóstico da gestação. Nós podemos já na primeira consulta de pré-natal pensar como vai transcorrer essa gestação e muitas vezes evitar que essa gestante tenha complicações graves", explica.
A OMS informou que, junto com seus parceiros, compartilhará informações úteis para apoiar gestações e partos adequados. E ressaltou que modelos de assistência obstétrica que contam com o suporte contínuo de parteiras, durante e após o parto, reduziram comprovadamente os nascimentos prematuros e as intervenções médicas desnecessárias.
*Com produção de Dayana Vitor





