Juízes, procuradores e artistas fazem ato em apoio a Marcelo Bretas

Bretas foi ironizado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, após decisão

Publicado em 24/08/2017 - 21:31 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Artistas, juízes federais, políticos e procuradores da força tarefa da Operação Lava-Jato participam de ato em apoio ao juiz Marcelo Bretas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Artistas, juízes federais, políticos e procuradores da força tarefa da Operação Lava-Jato participam de ato em apoio ao juiz Marcelo BretasFernando Frazão/Agência Brasil

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável pelos casos da Operação Lava Jato no estado, recebeu apoio de juízes, procuradores, políticos e artistas em ato realizado nesta quinta-feira (24) na capital. Bretas foi ironizado recentemente pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, após ter determinado a prisão do empresário de ônibus Jacob Barata Filho, que já havia sido solto após um habeas corpus condedido por Mendes.

Na ocasião, o ministro disse que “não era o rabo que abana o cachorro, mas o cachorro que abana o rabo”, em alusão a Bretas estar em uma instância jurídica inferior a do STF. A frase provocou reações em vários setores da sociedade, principalmente no Judiciário. O caso ganhou mais repercussão porque Gilmar Mendes foi padrinho de casamento da filha de Barata, em 2013, o que levou o procurador geral da República, Rodrigo Janot, a encaminhar um pedido de suspeição no caso. Apesar da polêmica, Mendes disse que não tem relação pessoal com Jacob Barata e defendeu que não há motivos que o impeçam de julgar o caso.

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, disse que o ato não era apenas em apoio a Bretas, mas também às investigações em curso no país, principalmente à Operação Lava Jato.

“Nós estamos vendo que há uma orquestração contra a Lava Jato. Não é só este tipo de agressão feita ao juiz federal Marcelo Bretas, mas uma série de outras medidas que estão sendo tomadas, que visam a intimidar e enfraquecer o Judiciário. Essa atitude de Gilmar Mendes não é nova. Ele insiste em atacar os magistrados que estão responsáveis pela Operação Lava Jato. Assim foi feito em relação ao juiz Sérgio Moro e agora está sendo feito em relação ao Marcelo Bretas. Não é possível que um ministro da Suprema Corte venha à imprensa agredir verbalmente o trabalho de um magistrado”, declarou Veloso.

A procuradora da República no Rio de Janeiro, Maria Cristina Cordeiro, também esteve presente e manifestou repúdio à forma como Mendes vem se referindo aos membros do Ministério Público e da magistratura. “O que vem acontecendo sinaliza uma pretensão de enfraquecer a Operação Lava Jato. Nós do Ministério Público Federal também estamos sendo vítimas de ofensas. Assim como ele vem se referindo ao juiz Marcelo Bretas, também vem se referindo aos colegas que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato aqui no Rio de Janeiro”, disse Maria Cristina.

Rio de Janeiro - O cantor Caetano Veloso e o juiz Marcelo Bretas durante ato de artistas, juízes federais, políticos e procuradores da força tarefa da Operação Lava-Jato, em apoio ao juiz (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O cantor Caetano Veloso e o juiz Marcelo Bretas durante ato no Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil

Além de membros do Judiciário, compareceram ao ato diversos artistas como Caetano Veloso, Tiago Lacerda, Paula Lavigne, Christiane Torloni, Marcelo Serrado, Paula Burlamarqui, Lucinha Lins e Jorge Vercilo. Eles estenderam uma faixa com a frase “Bretas, o Rio está com você”. Caetano explicou os motivos do apoio dos artistas ao juiz.

“Os artistas são uma parte visível da sociedade. É bom que se saiba que a sociedade está se movimentando, que haja respeito pela ação que essas pessoas estão desenvolvendo no Brasil. Há projetos na Câmara que são retrógrados. Eu estou aqui apoiando o Marcelo Bretas, honrosamente, em nome de minha classe. Eu, instintivamente, me identifico com a posição do Bretas. Há uma ameaça à Lava Jato, ao desfazimento da organização corrupta que insiste em se manter no Brasil. O fato é que a gente sente necessidade de reagir”, disse Caetano.

Bretas não discursou, nem falou com a imprensa. A reportagem procurou a assessoria do ministro Gilmar Mendes para se manifestar sobre as críticas, mas não teve resposta até a publicação desta matéria.

Edição: Amanda Cieglinski

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