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Justiça

Acusado de receber mesada, ex-procurador-geral do RJ continua no MP

Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 21/08/2018 - 19:42
Rio de Janeiro

O ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Cláudio Lopes, deverá permanecer atuando no Ministério Público do estado durante as investigações sobre o possível envolvimento em esquemas de corrupção. Cláudio Lopes também permanece como integrante do Conselho Superior do Ministério Público.

Segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, até o momento, não ocorreu qualquer avaliação sobre a possibilidade de afastamento de Cláudio Lopes do cargo de procurador. “A análise de possível afastamento só é cabível após a conclusão das investigações e instauração de regular processo criminal”, informou o órgão, completando que “as investigações estão em andamento e sob sigilo”.

Em um comunicado encaminhado hoje (21) aos colegas do Ministério Público, Lopes negou as acusações de recebimento de mesada do grupo do ex-governador Sérgio Cabral, enquanto ocupava o cargo entre 2009 e 2012. As acusações foram feitas em delação de Carlos Miranda, um dos principais operadores do esquema de propinas de Cabral.

“Não tenho a menor sombra de dúvidas que essa leviana e criminosa imputação que me foi feita será devidamente esclarecida e afastada. A afirmação de recebimento de vantagens mensais durante meus dois mandatos é totalmente inverídica, irresponsável e irreal, apontou Lopes.

Na mensagem, Cláudio Lopes disse que foi surpreendido com a divulgação de trecho do depoimento do colaborador premiado Carlos Miranda. Ele afirmou que não conhece Carlos Miranda e também não entendeu o motivo de ser incluído na delação. “Nunca tive contato com o mesmo, desconhecendo as razões que o levaram a proferir tamanha infâmia à minha honra. Não sei qual ou quais benefícios o mesmo gozou ou gozará em razão dessas falsas afirmações”, observou.

O ex-procurador-geral de Justiça contestou ainda a acusação de que teria recebido algum tipo de verba para sua campanha em 2008. “Nunca possuí qualquer relação ilícita ou promiscua com pessoas do governo que pudesse justificar uma ‘contribuição’ dessa natureza. Os colegas que contribuíram na ocasião, certamente devem se recordar que nossos gastos foram extremamente limitados aos custos da remessa de algumas cartas, viagens ao interior do Estado e a elaboração de uma home page. Não realizamos eventos ou coquetéis”, escreveu.

O procurador contestou também a acusação de que teria beneficiado, com arquivamentos de processos de comportamento ilegal do ex-governador Sérgio Cabral na contratação do escritório da ex-primeira dama, a advogada Adriana Ancelmo, e no uso do avião particular do empresário Eike Batista em uma viagem à Bahia.

O procurador disse que vai se defender “com serenidade e de cabeça erguida”. “Tenho absoluta convicção de que após uma investigação isenta, os fatos apontados pelo delator serão devidamente esclarecidos e minha inocência será demonstrada, pois divorciados da realidade, fruto de interesses nebulosos e da maldade humana”, concluiu.

A defesa de Cláudio Lopes informou que ainda não vai se manifestar sobre o procedimento que vai adotar no caso, porque ainda não teve acesso ao processo de delação. A advogada Fernanda Tortima, adiantou, no entanto, que as acusações não fazem sentido.