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Política

Procurador da Lava Jato nega que tenha havido escuta em cela de Youssef

Vladimir Platonow – Repórter Agência Brasil
Publicado em 27/07/2015 - 20:46
Brasília
O coordenador da força-tarefa Lava Lato, procurador da República Deltan Dallagnol, apresenta propostas do Ministério Público Federal para o combate à corrupção (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O coordenador da força-tarefa da Lava Lato, procurador da República Deltan Dallagnol, apresenta propostas do MPF para o combate à corrupção            Marcelo Camargo/Agência Brasil

O procurador da República Deltan Dallagnol, que integra o núcleo da Operação Lava Jato, negou hoje (27) que tenha havido escuta na cela onde estava o doleiro Alberto Youssef na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba. O fato, denunciado pelo próprio Youssef, em abril do ano passado, foi refutado por uma sindicância concluída pela PF em setembro do ano passado.

Perguntado se a suposta escuta na cela do doleiro poderia inviabilizar futuramente as investigações da Lava Jato, pois nesse caso a escuta seria ilegal, Dallagnol disse não temer que o fato repercuta negativamente sobre a operação e negou que tenha sido usada informação baseada em escuta ilegal.

“Jamais apareceram quaisquer escutas e muito menos indicativos de influência delas nas investigações. É um caso sob investigação, mas jamais identificamos qualquer escuta que tenha sido instalada. O que existiu é um aparelho que, em princípio, não estava funcional. Esta é uma situação sob apuração”, sustentou o procurador.

Dois policiais federais admitiram, em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no dia 2 de julho, que as escutas existiram. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também em depoimento na CPI da Petrobras, no último dia 15, classificou de gravíssimo o fato, se for comprovado.

Dallagnol veio ao Rio participar do lançamento do projeto Dez Medidas contra a Corrupção, que pretende recolher 1,5 milhão de assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional um projeto de iniciativa popular com ações anticorrupção. Ele apresentou o projeto a líderes comunitários e religiosos, reunidos no Seminário Teológico Batista do Sul, a quem pediu apoio à iniciativa.

O procurador criticou a corrupção no país e citou dados das Nações Unidas para dizer que o Brasil gasta R$ 200 bilhões em propinas todos os anos. “Esse valor permitiria triplicarmos no Brasil o investimento federal em saúde ou educação e que melhorássemos tudo o que é gasto, em todo o país, por todos os entes da Federação, em segurança pública.”

Dallagnol disse acreditar na punição de todos os envolvidos nos casos de corrupção envolvendo empreiteiras, agentes públicos e políticos que superfaturaram contratos com a Petrobras, recebendo propinas milionárias em dinheiro público. “Vamos fazer o nosso melhor, tudo o que está em nosso alcance, para que todos sejam punidos por todos os crimes, na medida de sua responsabilidade. Nós acreditamos que, neste caso, existe uma série de fatores que vão permitir que a punição seja alcançada de modo efetivo.”

Os dez temas da campanha contra a corrupção são os seguintes: prevenção à corrupção, transparência e proteção à fonte de informação; criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos;  aumento das penas e crime hediondo para corrupção de altos valores; aumento da eficiência e da justiça dos recursos no processo penal; celeridade nas ações de improbidade administrativa; reforma no sistema de prescrição penal; ajustes nas nulidades penais; responsabilização dos partidos políticos e criminalização do caixa 2; prisão preventiva para evitar a dissipação do dinheiro desviado; recuperação do lucro derivado do crime.

Para participar da campanha e baixar os formulários para recolher assinaturas, basta acessar o endereço eletrônico www.combateacorrupcao.mpf.mp.br.