O filho da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico Moreira, que foi morta com 22 tiros dentro de casa, na semana passada, deixou o Quilombo Pitanga dos Palmares, na região metropolitana de Salvador, na Bahia, onde morava com os filhos, pois teme pela segurança. Os familiares de Mãe Bernadete foram retirados do local como uma medida de proteção. 
Jurandir Wellington Pacífico afirmou nessa terça-feira (22) que teme que as investigações não sigam adiante, assim como as investigações pela morte do único irmão dele, filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, morto em condições semelhantes, com 16 tiros, em 2017.
Segundo Jurandir, o motivo dos assassinatos foram a especulação imobiliária e a grilagem de terra, em torno do quilombo. Mãe Bernadete era coordenadora nacional de Articulação de Quilombos e ex-secretária municipal de Promoção da Igualdade Racial.
Cerca de 350 famílias constituem o Quilombo Pitanga dos Palmares e vivem principalmente de atividades de pesca, agricultura familiar e artesanatos feitos com piaçava. De acordo com o Mapa de Conflitos, são mais de 850 hectares que têm sido alvo de especulação imobiliária. Em 2017, foi publicado o Relatório Técnico de Identificação, etapa obrigatória do processo de titulação das terras quilombolas. O Mapa de Conflitos é produzido pelo Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde, da Fiocruz.
Equipes do governo da Bahia e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania estão atuando junto com os órgãos de segurança para melhorar os programas de proteção. Atualmente, na Bahia, 94 defensores de direitos humanos, como quilombolas, indígenas e trabalhadores rurais, estão sob proteção.
Na semana passada, a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o homicídio de Mãe Bernadete. O homicídio do filho dela, Flávio, também está sendo apurado na regional no estado da Bahia. As investigações seguem em sigilo.
