O Brasil melhorou em ranking de liberdade de imprensa, mas desafios como violência contra jornalistas e desinformação permanecem presentes. A organização Repórteres sem Fronteiras divulgou, nesta sexta-feira (3), um estudo sobre o assunto.
O Brasil subiu dez posições no levantamento deste ano, ficando na posição 82 entre 180 países avaliados.
De acordo com a análise, a troca de governo estabilizou as relações entre o Estado e o jornalismo. Segundo o relatório, após a imprensa ser alvo do governo de Jair Bolsonaro, a gestão Lula adotou discurso público a favor do setor e teve progressos na defesa da liberdade de imprensa.
O texto ainda destaca que a desinformação intoxica o debate público. O Brasil continua muito polarizado e os ataques contra a imprensa, que se tornaram comuns nas redes sociais, abriram caminho para agressões físicas contra jornalistas.
A diretora científica do Intercom, Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Iluska Coutinho, defende a volta da exigência do diploma para jornalista.
"Os processos de descredibilização, o avanço da desinformação e a violência têm ligação como processo de perda de confiança e de qualidade decorrentes da queda da exigência do diploma para atuação como jornalista, que ocorreu em 2009. Aliás, a regulamentação do exercício profissional se relaciona com outra muito urgente: a regulamentação das plataformas digitais, essa em tramitação no Congresso Nacional".
A Repórteres sem Fronteiras vê a mídia brasileira marcada por uma forte concentração privada, dividida entre 10 grupos principais. Enquanto isso, os meios de comunicação públicos têm fragilidade orçamentária e estão sujeitos a tentativas de interferência.