Israel invade bairro de Gaza e ordena que palestinos sigam para o sul
Israel invadiu um bairro na Cidade de Gaza nesta quinta-feira (27), dizendo aos palestinos, conforme os tanques avançavam, que eles deveriam se deslocar para o sul. Também bombardeou a cidade de Rafah, no sul, afirmando que este é o estágio final de uma operação contra os militantes do Hamas no local.
Moradores do bairro de Shejaia disseram que foram surpreendidos por tanques que chegaram e dispararam com drones, atacando também após bombardeios durante a noite.
"Parecia que a guerra estava recomeçando, uma série de bombardeios que destruíram várias casas em nossa área e abalaram os prédios", disse Mohammad Jamal, de 25 anos, morador de Gaza, à Reuters, por meio de um aplicativo de mensagem.
O Serviço Civil de Emergência da Palestina informou que havia relatos de pessoas mortas e feridas em Shejaia, mas suas equipes não conseguiram chegar até lá por causa da ofensiva. Três pessoas foram mortas no bombardeio anterior e cinco foram mortas no bairro de Sabra.
O braço armado da Jihad Islâmica, aliada do Hamas, disse que detonou um dispositivo explosivo pré-plantado contra um tanque israelense a leste de Shejaia.
Israel acusa os militantes de se esconderem entre os civis e diz que adverte os deslocados para que saiam do caminho de suas operações contra os combatentes.
"A todos os residentes e pessoas deslocadas na área de Shujaiya e novos bairros, para sua segurança, vocês têm que se retirar imediatamente para o sul na Rua Salah al-Din para a zona humanitária", postou o porta-voz do Exército Avichay Adraee na rede X.
Moradores e a mídia do Hamas disseram que os tanques chegaram antes da postagem e que as pessoas do subúrbio oriental estavam correndo para o oeste sob fogo, pois Israel havia bloqueado a estrada para o sul. Não houve outro comentário imediato dos militares israelenses.
Após mais de oito meses de guerra de Israel contra Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas na fronteira em 7 de outubro, as autoridades de ajuda humanitária afirmam que o enclave continua sob alto risco de fome, com quase meio milhão de pessoas enfrentando insegurança alimentar "catastrófica".
"Estamos morrendo de fome na Cidade de Gaza e sendo perseguidos por tanques e aviões, sem nenhuma esperança de que essa guerra acabe", disse Jamal.
Desnutrição
A morte de outra menina no Hospital Kamal Adwan, na noite dessa quarta-feira, elevou o número de crianças que morreram de desnutrição e desidratação para pelo menos 31, disse uma autoridade de saúde de Gaza, acrescentando que a guerra dificulta o registro desses casos.
Israel nega acusações de que tenha criado as condições de fome, culpando as agências de ajuda pelos problemas de distribuição e acusando o Hamas de desviar a ajuda, alegações que os militantes negam.
No sul de Gaza, imagens de drones nas mídias sociais, que a Reuters não conseguiu confirmar imediatamente, mostraram dezenas de casas destruídas em partes de Rafah, com o vilarejo de Swedeya, no lado oeste da cidade, completamente destruído.
Não houve comentário israelense imediato sobre a ação militar da noite para o dia.
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