Oito em cada dez homens mortos por arma de fogo no Brasil são negros, e a região Nordeste tem a pior taxa do país desse tipo de crime. É o que revela a recém-lançada pesquisa “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, do Instituto Sou da Paz.
O estudo, feito a partir de dados do Ministério da Saúde, consolidados para o ano de 2022, chama a atenção para a desigualdade racial da violência armada, já que homens negros são 79% das vítimas.
Além da alta mortalidade por armas de fogo, os homens negros representam 68% dos atendidos no sistema de saúde em razão de algum tipo de agressão armada.
Outro recorte da pesquisa aponta que as armas de fogo causaram dois em cada três assassinatos de homens no Brasil entre 2012 e 2022. E essas mortes acontecem justamente na fase mais produtiva, já que 43% das vítimas tinham entre 20 e 29 anos.
O Nordeste é a região que concentra a maior taxa de homicídios por armas de fogo, com quase 58 mortes por 100 mil habitantes. Na outra ponta, com menos homicídios proporcionais desse tipo, aparece o Sudeste, com 16 mortes por grupo de 100 mil.
A coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Cristina Neme, comenta esse panorama.
A partir da conclusão de que a violência armada é um problema de causas raciais e de gênero, a terceira edição do estudo, do Instituto Sou da Paz, chama atenção para a necessidade de integrar políticas de segurança pública e sociais para a solução do problema.