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Inovação

UFRN desenvolve dispositivo capaz de capturar gás carbônico industrial

Rejeito pode ser transformado em rocha e preencher poços de petróleo
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Oussama El Ghaouri - Repórter da Rádio Nacional
31/03/2025 - 15:09
Brasília
Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP28. – Meio Ambiente; mudanças climáticas; poluição do ar; fumaça fábricas; chaminés; CO2. Foto: Ralf Vetterle/Pixabay
© Ralf Vetterle/Pixabay

Um dispositivo criado aqui no Brasil pode reduzir a emissão industrial de gases do efeito estufa para a atmosfera de forma mais eficiente, barata e sustentável. A invenção retém o CO2, o chamado gás carbônico, responsável pelo aumento da temperatura média global, e depois produz uma rocha.

A tecnologia é compatível com os processos industriais que já existem e usa uma formulação química à base de materiais chamados de surfactantes aminados. Foi o que explicou um dos pesquisadores participantes do estudo da UFRN, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Dennys Correa.

"Nós utilizamos um tensor ativo, um tipo de aditivo que vem da classe das aminas, e vimos que não tinha nada na literatura em relação a tensores ativos aminados. Tinha a amina em si, mas a amina em si pode ser cara e em alguns casos até tóxica. Então, o tensor ativo aminado, em baixa quantidade, ele consegue capturar o CO2 com uma eficiência muito boa. Então, a inovação dessa invenção, esse ineditismo, é justamente utilizar uma molécula que traz o melhor do que já é utilizado de maneira barata, eficiente, sustentável e com um grande potencial de futuro".

O líquido é como se fosse um detergente que captura o CO2.

"A nossa formulação, que tem esse entre aspas detergente, esse tensor ativo, vai capturar o CO2, que é como se fosse a sujeira que tá no ar, vai deixar ele preso na água e com isso a gente faz uma série de reações químicas para transformar esse CO2 em rocha. E aí essa rocha pode ser reutilizado em construção civil, ou na própria indústria que libera esse CO2".

O professor explica também que a tecnologia pode ser usada para reduzir emissões industriais de CO2, como nas refinarias de combustíveis, e ainda preencher poços vazios de petróleo.

"Essa formulação, ela pode ser colocada nesses buracos vazios, carregar o CO2 com ela e assim o CO2 ser armazenado no reservatório em forma de sólido. Mas agora pensando no nosso técnico industrial, ele pode ser colocado justamente na saída de um determinado equipamento, na saída de um determinado tipo de motor e assim capturar esse CO2". 

Segundo o Dennys Correa, a formulação química que captura o CO2 já teve sua propriedade registrada, a chamada patente. Já o processo que transforma o gás carbônico em rocha, conhecido como mineralização, está com os estudos avançados, mas ainda não foi patenteado.

A tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores Alcides Neto, Dennys Correa, Maria Mendes, Jonathan Lemos e Paulo Azevêdo, é resultado do mestrado de Azevêdo, no Centro de Tecnologia da UFRN. E agora, eles avaliam a eficiência da formulação para separar outros gases e, ainda, o uso em sistemas que combinem captura de CO₂ com tecnologias de purificação de água e tratamento de esgotos.