Anistia Internacional acusa Estado Islâmico de limpeza étnica
A Anistia Internacional acusou hoje (2) o grupo Estado Islâmico de executar uma campanha de limpeza étnica no Norte do Iraque. Em um documento apresentado hoje, chamado Limpeza Étnica em Escala Histórica: Os Ataques Sistemáticos do Estado Islâmico a Minorias no Norte do Iraque, a Anistia Internacional apresentou uma série de testemunhos dramáticos de sobreviventes dos massacres, acusando o grupo extremista de crimes de guerra contra minorias étnicas e religiosas, com execuções sumárias e sequestros.
De acordo com a Anistia internacional, os principais alvos dos ataques são cristãos assírios, xiitas turcomanos, xiitas shabak, yazidis, kakais e sabean mandaeans. Além deles, árabes e muçulmanos sunitas contrários ou que não manifestam apoio ao Estado Islâmico também são alvos de ataques.
Entre os casos, sobreviventes relataram que dezenas de homens e jovens da região montanhosa de Sinjar foram colocados em carrocerias de camionetes, levados para os arredores de suas aldeias e mortos, em grupo ou individualmente. Segundo as informações obtidas pela Anistia Internacional, centenas de homens, mulheres e crianças da minoria yazidi, um dos mais antigos grupos étnicos curdos, que segue uma religião pré-islâmica, foram sequestrados desde o início da ocupação do Norte do Iraque pelo Estado Islâmico.
“As matanças e os sequestros realizados pelo Estado Islâmico oferecem novos e lamentáveis dados que indicam que uma onda de limpeza étnica contra as minorias está assolando o Norte do Iraque”, afirmou a assessora especial sobre resposta às crises da Anistia Internacional, Donatella Rovera, que está atualmente no Norte do Iraque. “O Estado Islâmico está realizando crimes desprezíveis e transformou zonas rurais de Sinjar em campos de morte empapados de sangue, como parte de sua brutal campanha para eliminar todo o rastro da população árabe e muçulmana não sunita”, completou.
A Anistia Internacional informou que os ataques mais sangrentos foram realizados nos dias 3 e 15 de agosto, quando as aldeias de Qiniyeh e Kocho, respectivamente, foram alvos de mísseis dos combatentes extremistas que causaram a morte de centenas de pessoas. Além disso, o Estado Islâmico capturou os homens e jovens dessas aldeias, incluindo crianças de 12 anos de idade, e os executou nos arredores do local. Algumas testemunhas que deram depoimento à Anistia Internacional integravam os grupos levados para fuzilamento, mas sobreviveram aos tiros até receberem ajuda e deixarem o local.