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Rússia volta a atacar Ucrânia; Otan promete mais defesa para Kiev

Vinte drones e cinco mísseis foram lançados na região de Odessa
Inês Moreira Santos - Repórter da RTP*
Published on 10/07/2024 - 07:48
Moscou
Local danificado por ataque russo em Odessa. 18/7/2023. Foto: UKRAINIAN ARMED FORCES/REUTERS
© UKRAINIAN ARMED FORCES/REUTERS/Proibida reprodução
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Depois do ataque russo dessa terça-feira (9) a um hospital pediátrico de Kiev, Moscou lançou 20 drones e cinco mísseis na região de Odessa, matando duas pessoas e danificando infraestrutura portuária e uma instalação de energia. Entretanto, a comunidade internacional se prepara para fornecer mais ajuda de defesa militar às forças ucranianas.

O ataque ocorreu às primeiras horas desta quarta-feira na região sul de Odessa, matando um motorista de caminhão e um segurança. Segundo o governador regional Oleh Kiper, ficou ainda ferido um marinheiro. Os mísseis russos danificaram armazéns portuários, caminhões e um navio civil.

A região de Odessa é um dos principais pontos das exportações ucranianas no Mar Negro. Ele foi reativado sem o consentimento da Rússia, depois de Moscou ter abandonado um acordo mediado pela ONU no verão passado, que permitia a Kiev exportar alimentos durante o conflito. A infraestrutura portuárias da região têm sido, aliás, regularmente atacadas pelas forças russas.

Os drones russos atingiram ainda uma instalação de energia na região noroeste de Rivne. Apesar de ter deflagrado um incêndio no local, as autoridades ucranianas confirmaram que não houve vítimas.

O ataque causou cortes temporários de energia na região, mas não obrigou quaisquer alterações nos cortes de energia programados, indicou o operador da rede Ukrenergo. A Ucrânia tem feito cortes de energia regulares devido à escassez de fornecimento provocada pelos danos que os ataques russos têm deixado nas instalações energéticas.

A Força Aérea da Ucrânia informou, em comunicado, que nas últimas horas abateu 14 de 20 drones russos em oito regiões do país e que impediu que três de quatros mísseis russos Kh-59/Kh-69 atingissem os alvos.

Estados Unidos

Os Estados Unidos (EUA) vão fornecer defesas aéreas adicionais à Ucrânia, anunciou o presidente norte-americano, Joe Biden, na abertura da Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Washington.

“Ao todo, a Ucrânia receberá centenas de defesas adicionais ao longo do próximo ano, ajudando a proteger suas cidades de mísseis russos e tropas ucranianas que enfrentam ataques nas linhas de frente”.

No mesmo discurso, ele declarou que a Aliança Atlântica está “mais poderosas do que nunca” e que enfrenta “momento crucial” no conflito russo-ucraniano. Segundo Biden, a Otan tem de declarar que a entrada da Ucrânia na aliança é “irreversível”.

Antes desta guerra, afirmou Biden, Putin pensou que a Otan iria quebrar. “Hoje, a organização está mais forte do que nunca. Quando esta guerra sem sentido começou, a Ucrânia era um país livre. Hoje ainda é um país livre, e a guerra terminará com a Ucrânia mantendo-se como país livre e independente. A Rússia não prevalecerá”.

Biden anunciou doação histórica de equipamento de defesa aérea à Ucrânia. Ele se referiu ao esforço conjunto por parte dos EUA, da Alemanha, dos Países Baixos e da Romênia, que vão fornecer à Ucrânia quatros sistemas de defesa aérea Patriot nos próximos meses. Já a Itália irá fornecer um sistema SAMP-T, respondendo aos pedidos de Kiev por mais defesa. "Hoje, anunciamos que, coletivamente, estamos fornecendo à Ucrânia sistemas estratégicos de defesa aérea adicionais, incluindo baterias Patriot doadas pelos Estados Unidos, a Alemanha e Romênia; componentes Patriot doados pelos Países Baixos e outros parceiros para permitir a operação de uma bateria adicional", segundo comunicado divulgado pela Casa Branca.

"Os aliados estão empenhados em fornecer à Ucrânia capacidade adicional de defesa aérea, à medida que o país se protege da agressão contínua da Rússia, incluindo os ataques deliberados às cidades ucranianas, à infraestrutura civil e críticas”.

O pacote de apoio à Ucrânia - que deverá fixar uma ajuda anual dos aliados de 40 bilhões de euros por ano – implicará ainda que a Otan assuma a tarefa de coordenar a ajuda militar que o país recebe para se defender da invasão russa, bem como as iniciativas de treino das suas forças, por meio de um comando liderado por um general de três estrelas e com cerca de 700 pessoas a trabalhar numa sede da organização na Alemanha.

Outros aliados, incluindo o Canadá, a Noruega, Espanha e o Reino Unido, vão fornecer uma série de outros sistemas de defesa.

O anúncio de mais ajuda à Ucrânia foi feito horas depois de as forças russas bombardearem o maior hospital pediátrico em Kiev, em que morreram mais de 40 pessoas.

Japão

O governo do Japão anunciou, nesta quarta-feira, que entregou à Ucrânia equipamento para a remoção de minas colocadas pelo Exército russo e munições.

O equipamento foi entregue numa cerimônia em Kiev, como parte de um pacote de medidas anunciado, na semana passada, pelo Ministério japonês dos Negócios Estrangeiros, para "apoiar a remoção de minas terrestres no estrangeiro", informou a diplomacia nipônica.

Tóquio forneceu ao Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia (Sesu) quatro máquinas desenvolvidas pela empresa japonesa Nikken para desminagem, já utilizadas em países como o Camboja e o Afeganistão. O Japão contribuiu ainda com formação operacional ao pessoal do Sesu antes de entregar os equipamentos. 

Ao todo, está previsto que o Japão forneça à Ucrânia 20 dispositivos ao longo deste ano, bem como outras tecnologias, incluindo "detectores de minas" e "um sistema baseado em inteligência artificial para prever áreas onde minas possam ter sido enterradas", informou o diário Japan Times.

O pacote de ajuda japonês inclui também assistência para ensinar as pessoas a evitar as minas terrestres e apoio às vítimas de explosões.

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