Retomada das obras da Usina Nuclear de Angra 3 divide opiniões
O número de consumidores abastecidos por energia nuclear no país deve saltar para 10 milhões, caso a Usina de Angra 3, parada desde 2015, tenha a finalização aprovada. A unidade vai se somar às usinas Angra 1 e 2, que já estão em operação.
A última etapa da análise para retomada das obras é uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) , que ocorrerá no início de dezembro.
O empreendimento, na Costa Verde do Rio de Janeiro, já avançou 66% e deve ficar pronto entre 2030 e 2031, se o Conselho der sinal verde.
Superintendente de operações de Angra 3, Luciano Calixto fala sobre a expectativa para a retomada do projeto...
"A gente está dependendo dessa reunião do Comitê de Política Energética. O Comitê Nacional de Política Energética está programada para agora, no começo de dezembro. E aí, com isso, a gente espera ter o sinal verde para a retomada da obra. Essa potência instalada de Angra 3 é mais ou menos a potência de Brasília e Belo Horizonte durante o ano inteiro."
Outra grande expectativa é a geração de empregos, com previsão da abertura de 7 mil vagas, diretas e indiretas, sem contar a contratação de creca de 450 funcionários para operação da unidade.
Mas a conclusão da nova usina de geração de energia nuclear também enfrenta críticas. Entre as vozes destoantes está o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini Costa:
"Existem muitas críticas em relação às obras de Angra 3, mas as principais têm a ver com problemas técnicos de um projeto arcaico, obsoleto, do ponto de vista tecnológico, com equipamentos adquiridos há mais de 30 anos, além dos altos custos para sua finalização, o que representa um custo final da energia nuclear de 4 a 6 vezes os custos das fontes renováveis de energia, o que certamente será o consumidor que terá que pagar."
O especialista também alega que não há necessidade de energia nuclear para a geração de eletricidade no Brasil:
"O Brasil não tem nenhuma necessidade de energia nuclear para produzir eletricidade. Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagem. Não há energia sem controvérsias, mas a nuclear, pelo poder de destruição que tem sob qualquer vazamento de radiação, não deve ser utilizada para produzir eletricidade".
O valor já investido em Angra 3 alcança quase 12 bilhões de reais. E, para a conclusão, ainda serão necessários mais R$23 bilhões, a serem financiados por um consórcio de bancos, capitaneados pela Eletronuclear, estatal que administra e opera as usinas nucleares no país.