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Inovação

Mães cientistas: Iniciativas incentivam a permanência na pós-graduação

Mulheres deixam a vida acadêmica devido aos desafios da maternidade
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Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional
13/11/2024 - 17:15
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 10/05/2024 - Karín Menéndez-Delmestre, professora de astrofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mãe da Sofia, 8 e Ilana, 5. No Observatório do Valongo, centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

A carreira científica exige, além de atuação prática, muito estudo: são horas de leitura, escrita e realização de pesquisas. Um desafio que pode ser ainda maior para as mulheres que são mães.

De acordo com estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, cerca de 30% das mulheres abandonam os estudos de pós-graduação devido aos desafios de conciliar a vida acadêmica com a maternidade.

Mas é possível diminuir esse problema.  Em julho foi sancionado o projeto que ficou conhecido como "PL das Mães Cientistas". A nova lei aumenta os prazos para que as pessoas com filhos concluam disciplinas, entreguem trabalhos finais e passem pelas sessões de defesa de seus trabalhos.

Já a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro oferece um programa de apoio as cientistas mães vinculadas a Instituições de Ciência e Tecnologia do estado.

Letícia de Oliveira, presidente da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da fundação, explica como o programa funciona: 

“A ideia do edital é apoiar as cientistas que se tornaram mães de crianças até 12 anos porque nós entendemos, isso já está muito bem descrito na literatura, que há um impacto na produtividade das cientistas mães após o nascimento dos filhos. Esse impacto, essa queda de produtividade ela não é observada para os pais, para os cientistas pais”.

Liana Portugal é uma das pesquisadoras participantes do projeto: 

“Nós temos vários desafios práticos para lidar com a carreira acadêmica né. Então a gente tem uma carga mental intensa, a gente tem uma dupla jornada de trabalho nos dois primeiros anos de vida uma privação de sono também absurda. A gente também precisa de espaços para as crianças, para levar as crianças”.

A pesquisadora Ana Lúcia Nunes de Souza também foi selecionada no edital. Ela ressalta que esse incentivos trazem resultado para toda a sociedade:

“Isso vai refletir depois em prêmios, em muitos trabalhos publicados, capítulos de livro, artigos científicos, muitas atividades em escolas públicas”.

E os números do último edital da Faperj comprovam o interesse na iniciativa. A Fundação recebeu mais de 360 propostas e aprovou 98 trabalhos em todas as áreas do conhecimento. Os recursos iniciais previstos em R$ 2,3 milhões, acabaram praticamente dobrando para mais de 6 milhões.