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Human Rights

Brasil segue sendo país que mais mata trans e travestis no mundo

Dossiê da Rede Trans Brasil aponta 105 mortes em 2024
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Priscila Thereso – Repórter da Rádio Nacional
28/01/2025 - 17:41
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Manifesto realizado na praia de Copacabana lembra as vítimas da transfobia no Brasil.  (Tomaz Silva/Agência Brasil)
© Tomaz Silva/Agência Brasil

A Rede Trans Brasil registrou 105 mortes de pessoas trans e travestis no país no ano passado. Apesar de serem 14 casos a menos que em 2023, o Brasil segue, pelo 17º ano consecutivo, como o que mais mata pessoas trans no mundo. Essas informações estão no dossiê “Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira", que será lançado nesta quarta-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans.  

O levantamento, que usa como base os casos divulgados por meios de comunicação, como internet, rede sociais, jornais e televisão, mostra que 93% das vítimas eram mulheres trans e travestis e que a maior parte das mortes aconteceu na região Nordeste, detalha Nathália Vasconcellos, secretária da região Centro-Oeste da Rede Trans Brasil: “isso deve-se muita à cultura. Principalmente no Nordeste, a gente percebe que isso é muito cultural, porque lá tem uma cultura muito do machismo, da virilidade, enfim, e as grandes vítimas somos a maioria de mulheres trans e travestis. Isso se dá também pelo machismo, pelo desrespeito à identidade. E também a cultura nordestina é um pouco mais, digamos assim, mais ferrenha em questão de masculinidade, de reprodutividade das pessoas”.

O dossiê mostra ainda que a maior parte dos casos, 66 %, ainda estava sendo investigada e que, em 34% deles, o suspeito foi preso. Dentre os casos com os devidos registros, os agressores eram companheiros e ex-companheiros em 14 casos; clientes, em nove; e outros nove foram de execução com possível envolvimento em dívidas com agiotas, drogas e ligação com organizações criminosas.  

O levantamento dá visibilidade aos assassinatos e violências cometidas contra pessoas trans no Brasil com o objetivo de ajudar a desenvolver políticas públicas, afirma Nathália Vasconcellos. “Nosso intuito é chamar atenção para essa questão de mulheres trans e travestis que estão sendo assassinadas todos os anos. E a gente leva esses dados para a construção de políticas públicas, né, porque, enfim, a gente não vai ficar sempre nessa questão do sofrimento, da morte, só falar sobre isso”, destaca.

A Rede Trans Brasil integra a pesquisa “Trans Murder Monitoring”, que monitora os assassinatos de pessoas trans e de gênero diverso em nível global. O dossiê considera os casos registrados até 30 de setembro de cada ano. Em 2024, foi registrado, em nível global, o maior número de assassinatos: 350 pessoas trans.

*Com informações da Agência Brasil