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Inflação na Venezuela desacelera; eleitores não conseguem pagar contas

Salário não acompanha alta de preços, dizem trabalhadores
Mayela Armas - Repórter da Reuters
Published on 23/07/2024 - 12:39
Caracas
A person buys food reduced in price and offered as part of Venezuela's President Nicolas Maduro's presidential campaign, while he seeks reelection for a third term in the upcoming election on July 28, in Caracas, Venezuela, July 21, 2024. Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução
© Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Proibida reprodução
Reuters

O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que busca a reeleição no domingo, teve algum sucesso na contenção da inflação que já foi altíssima, mas os trabalhadores dizem que seus salários não têm acompanhado os altos preços dos alimentos e de outros produtos.

Isso, combinado com uma frustração geral após anos de mal-estar econômico, pode esfriar o apoio a Maduro e ajudar a trazer votos para o candidato da coalizão de oposição, Edmundo González, disseram eleitores e analistas.

A Venezuela sofreu uma hiperinflação de seis dígitos por cerca de quatro anos, com o indicador atingindo o patamar de 130.000%, corroendo a poupança e tornando escassos os suprimentos básicos.

Mas a inflação anual caiu para cerca de 50% no último ano, à medida que o governo restringiu o crédito, manteve a taxa de câmbio estável e reduziu os gastos públicos.

"Desaceleramos (a inflação) com as políticas corretas", disse Maduro -- que está no poder desde 2013 -- este mês, quando foram publicados números que mostravam que a inflação mensal em junho foi de 1%.

A última vez que uma alta da inflação esteve tão baixa foi em julho de 2012.

Mas muitas pessoas no país ainda estão lutando para sobreviver e algumas lamentaram que não tenha havido o habitual aumento nos salários do setor público visto em anos eleitorais anteriores.

"Com a eleição, o poder de compra não mudou em nada. Os preços sobem", disse Oscar Reyes, um trabalhador aposentado do setor público cuja pensão é de cerca de 100 dólares por mês, enquanto fazia compras em um mercado de Caracas.

Os aumentos em sua renda foram mínimos, disse ele. "Compramos muito pouco, porque também temos que pagar os serviços públicos."

Devido aos aumentos anteriores, as reduções atuais da inflação às vezes não são visíveis para o consumidor médio, dizem os analistas.

"A inflação pode cair para zero, mas se você ganha 200 dólares e a alimentação básica para um mês custa 500 dólares, há uma lacuna", disse o economista Asdrubal Oliveros, diretor da empresa de consultoria Ecoanalítica. "As pessoas não veem a inflação (mais baixa) como algo positivo."

O Ministério das Comunicações e o banco central venezuelano não responderam aos pedidos de comentários.