Indicação de Ainda Estou Aqui ao Oscar emociona filha de Rubens Paiva
A professora de psicologia Vera Paiva, de 71 anos, filha mais velha de Rubens e Eunice Paiva, disse que as três indicações ao Oscar do filme “Ainda Estou Aqui” tiveram sentido especial para ela e a família. Vera conversou com o repórter Luiz Cláudio Ferreira, da Agência Brasil, nessa quinta-feira.
“O gosto que deu na gente na hora foi de reparação de muitos momentos que vivemos – que milhares de famílias brasileiras viveram – durante a ditadura. Famílias que tiveram seus entes queridos perseguidos, torturados, assassinados e, em especial, aquelas que não tiveram, como a nossa, a chance de enterrar os corpos dos seus entes queridos. Isso é uma homenagem a milhares de Eunices neste país, que seguem sofrendo com assassinatos de maridos, filhos e netos por pessoas que se colocam no lugar de Deus, decidindo quem vive e quem morre.”
Vera Paiva aproveitou a ocasião para criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de "medíocre". Em 2014, o então deputado federal cuspiu no busto de Rubens Paiva no dia de inauguração do monumento no Congresso.
Durante a entrevista, a filha de Rubens Paiva ressaltou, ainda, a qualidade e o cuidado do trabalho, dirigido por Walter Salles.
“A família está bastante emocionada com as indicações ao Oscar: melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz para a Fernanda. Mas, mais importante que isso, é comemorar a vitória do cinema brasileiro, da arte brasileira, tão perseguida por parte do país. É uma grande vitória para o querido diretor Walter Salles, pela delicadeza que imprimiu ao filme; para os roteiristas premiados em Veneza; para as Fernandas, mãe e filha, atrizes maravilhosas. Para a Fernanda Torres, que já ganhou o Globo de Ouro, e para toda a produção impecável do filme.”
Esta é a primeira vez que um longa brasileiro concorre na principal categoria do Oscar, de melhor filme.
*Com reportagem de Luiz Cláudio Ferreira, da Agência Brasil.