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Zelensky diz que catástrofe de Chernobyl pode se repetir em Zaporizhia

Acidente radioativo na antiga república soviética completa 38 anos
Agência Lusa
Publicado em 26/04/2024 - 11:33
Kiev
File photo - One of the six reactor building are seen on the premises of the Zaporizhia Nuclear Power Station, the largest NPP in Europe and among the top 10 largest in the world, Enerhodar, Zaporizhzhia Region, southeastern Ukraine, July 9, 2019. There was growing concern on Monday that the ongoing war in Ukraine could lead to serious damage at Europe's largest nuclear power plant. Ukraine and Russia accuse each other of shelling the Zaporizhzhia Nuclear Power Station — a sprawling facility on Russian occupied ground that continues to function as the war rages around it. Russian emergency services released images of damage around the plant after both sides traded fresh accusations of shelling the compound. Photo by Dmytro Smolyenko/Ukrinform/ABACAPRESS.COMNo Use Russia.
© Reuters/Smoliyenko Dmytro/Ukrinform/ABAC/Proibida reprodução
Lusa

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instou nesta sexta-feira (26) a comunidade internacional a pressionar a Rússia para que devolva a central nuclear de Zaporizhia, no Sul da Ucrânia, advertindo contra uma nova catástrofe como a de Chernobyl, há quase quatro décadas.

"A central nuclear de Chernobyl esteve ocupada durante 35 dias. Os soldados russos saquearam os laboratórios, capturaram os guardas e maltrataram o pessoal, utilizando-os para lançar novas hostilidades", afirmou Zelensky em um discurso proferido no 38º aniversário da catástrofe nuclear, em 26 de abril de 1986.

"A radiação não conhece fronteiras e não faz distinção entre bandeiras nacionais. A catástrofe de Chernobyl mostrou ao mundo a rapidez com que as ameaças mortais podem surgir", disse Zelensky, que reconheceu o trabalho de "dezenas de milhares de pessoas" para impedir essas "terríveis consequências".

O presidente ucraniano procurou estabelecer um paralelo entre esse episódio e a situação atual na central de Zaporizhia, "mantida refém", frisou, por "terroristas" russos.

"O mundo inteiro tem o dever de pressionar a Rússia para que liberte a central e a devolva ao controle total da Ucrânia.” Ele defendeu ainda que só assim será possível “garantir que o mundo não sofra novas catástrofes radiológicas, exatamente a ameaça que existe todos os dias com a presença de invasores russos na central nuclear de Zaporizhia”.

Entenda

Desde 4 de março de 2022, menos de duas semanas após o início da invasão da Ucrânia, a central nuclear de Zaporizhia está sob controle russo.

Trata-se da maior central nuclear da Europa, que não produz eletricidade desde 11 de setembro de 2022. Os seus seis reatores estão desligados.

Uma missão da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), agência que integra o sistema das Nações Unidas, está permanentemente no local desde 4 de setembro de 2022. No entanto, isso não impediu que as instalações fossem palco de ataques de que se acusam mutuamente russos e ucranianos.

O pior acidente nuclear da história ocorreu em 26 de abril de 1986 na Ucrânia – que à época era uma das 15 repúblicas soviéticas –, quando um reator da central de Chernobyl, localizada a cerca de 100 quilômetros de Kiev, explodiu, contaminando cerca de três quartos da Europa, especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia.

Calcula-se que cerca de 350 mil pessoas foram deslocadas e que a saúde de milhares de pessoas foi afetada, direta ou indiretamente, pelos efeitos do acidente.

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